Jornal Opinião Pública entrevista a candidata a deputada federal Wanessa Bomfim

Por Portal Opinião Pública 15/09/2022 - 09:19 hs
Foto: Divulgação
Jornal Opinião Pública entrevista a candidata a deputada federal Wanessa Bomfim
Wanessa Bomfim ressaltou que Mauá precisa voltar a ter representantes no Poder Legislativo

Continuando a série de entrevistas com os candidatos a deputados estaduais e federais da região, o Jornal Opinião Pública conversou nesta semana com a advogada Wanessa Bomfim, candidata do Podemos a uma cadeira na Câmara Federal.

A advogada e administradora de 42 anos disputa pela primeira vez uma vaga em Brasília, após ter sido a mulher mauaense mais votada na cidade no pleito de 2018, quando concorreu ao cargo de deputada estadual. Wanessa também já participou de eleições municipais e chegou a assumir, brevemente como primeira suplente, o posto de vereadora entre 2014 e 2015.

No bate-papo, a candidata falou sobre a importância de Mauá explorar seu potencial para gerar oportunidades aos cidadãos aliados a investimentos em educação e qualificação profissional, sobre a luta feminina por uma maior participação na política e destacou a necessidade de os eleitores mauaenses elegerem representantes para a ALESP (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo) e para a Câmara Federal. 

Jornal Opinião Pública - Qual a sua motivação para se candidatar a uma cadeira na Câmara Federal em 2022? 

Wanessa Bomfim – Minha fé, minha estrutura familiar, meu amor pela política, de estudar sobre esse assunto, de tentar resgatar a cidadania... Quando você tem um propósito na vida e eu entendo que a parte política é uma missão na minha vida - é algo que estou envolvida desde pequena - me faz acreditar nessa essência, no resgate da cidadania, dos valores. Eu tenho uma filha, eu luto por ela, eu não vou estar aqui para sempre. Eu quero uma cidade, um estado, um país seguro pra ela. Eu tenho certeza que o cidadão de bem também quer. Eu acredito que o Grande ABC e principalmente a cidade de Mauá, merecem ser valorizados e cuidados por alguém que os represente verdadeiramente. Dos 513 Deputados Federais que estão no Congresso Nacional, os 70 eleitos também tiveram voto em Mauá. Mas onde está a verba pra Mauá? Onde está a atenção para a nossa cidade? Eu quero defender os direitos das pessoas e ser a 1ª mulher deputada federal eleita em Mauá. 

JOP – A senhora já definiu como seu trabalho será desenvolvido em caso de um possível mandato? 

WB – Nós precisamos ter princípios, valores e, principalmente, amor. Eu temo a Deus e não temo a homem nenhum. Quero resgatar os princípios, lutar pelo respeito aos direitos das pessoas. Quando falam da Wanessa Bomfim, as pessoas já sabem que eu não vou barganhar meus princípios, meus valores, sabem que eu estou fazendo parte do meu projeto “Não é favor, é direito!”, que busca fazer cumprir as leis que garantem direitos aos cidadãos e que esses meus valores são inegociáveis. Eu, há 14 anos, busco a conscientização dos cidadãos sobre os seus direitos, que quem, de fato, decide coisas muito importantes sobre a vida deles, é o Poder Legislativo, os deputados e senadores. Por isso, meu trabalho sempre será desenvolvido com essa intenção de fazer valer os direitos das pessoas, de resgatar a cidadania. 

JOP – A senhora possui uma trajetória profissional ligada à administração e ao direito. De que forma essas experiências fora da política podem te auxiliar em uma possível legislatura? 

WB – Eu acredito que precisamos eleger pessoas realmente capacitadas para nos representar. O deputado é um funcionário do povo. Eu costumo dizer que quando você vai fazer uma entrevista de emprego, te pedem o seu currículo, mas quando a gente vai votar, a gente não pede o currículo do nosso candidato. Qualquer cargo, hoje, precisa de alguns requisitos, por quê com a política é diferente? Justamente quem administra tudo, tem que ter conhecimento, regras, disciplina, ter estudo e capacidade para isso. Mas eu quis me preparar para este projeto, para esta missão, estudando para conhecer o direito e poder contribuir de verdade na elaboração das leis. E eu acredito que isso tudo foi me edificando e me qualificando para entender o que é o direito de cada um e para ter autoridade no assunto, além de ter vivenciado essa parte, de não ter muitas vezes os meus direitos respeitados. A vivência na administração, na gestão pública e no direito me tornam capaz de me colocar no lugar dessas pessoas e entender realmente quais são as suas necessidades para poder representá-las e cuidar delas. Eu sei o que é você não ter um uniforme, uma vaga na escola, eu senti essas dores. Sei que existem leis que prometem tudo isso, mas sei que muitas dessas leis são de “faz de conta”. Eu quero trabalhar para fazer tudo isso funcionar de verdade, de acordo com o que eu estudei! 

JOP - Conhecendo a população mauaense e os problemas enfrentados na cidade, quais seriam, na sua visão, as principais demandas do eleitorado neste momento e de que forma o trabalho de uma deputada federal pode saná-las? 

WB – Mauá não pode mais ser uma cidade dormitório, que o cidadão tem que sair daqui às 3 da manhã, como eu fiz muitas vezes, para ter que ir trabalhar em São Paulo ou nas outras cidades da região. A gente vê que Mauá tem todas as ferramentas pra crescer: tem o polo petroquímico, tem o rodoanel que dá acesso ao litoral e à capital, tem o trem... Das cidades do Grande ABC, Mauá é a única que tem acesso ao trem e ao rodoanel ao mesmo tempo. Mauá tem uma indústria muito forte, tem o comércio que é excelente. Precisamos trabalhar melhor esse potencial de desenvolvimento econômico para que todas essas pessoas de capacidade e talento que temos na cidade recebam essas oportunidades e possam colaborar com o crescimento da nossa cidade em todos os aspectos. As pessoas não podem ter que ir para outras cidades em busca de oportunidades de emprego. É preciso criar essas oportunidades em Mauá. 

JOP – Existe uma(s) área(s) específica(s) na(s) qual(is) a senhora deseja focar seu trabalho como deputada, caso eleita? 

WB – São várias áreas em que identifiquei necessidades de trabalho, mas quero ressaltar a importância da qualificação profissional, da educação. Eu não tinha condição de estudar, de pagar cursos e com ajuda de outras pessoas e com meu trabalho eu consegui me capacitar e estudar, porque isso era algo que ninguém iria tirar de mim. E eu vejo como isso mudou a minha vida, me possibilitou trabalhar nas empresas que eu sonhava e dar uma vida melhor para minha filha. Eu quero desenvolver políticas e conscientizar a população da importância da educação para o desenvolvimento pessoal e profissional. Que a mãe possa deixar o filho na escola em período integral e ir trabalhar, trazer renda para casa e que esse filho possa ter acesso a aulas de esportes, de línguas estrangeiras, de artes. Porque depois essa criança, esse jovem, vai estar dentro de um ambiente saudável, protegido da violência, vai ter acesso a melhores condições de vida e também vai ajudar a desenvolver a região com o seu talento e sua educação. 

JOP - A falta de representatividade feminina é vista como um problema no cenário parlamentar atual e a senhora está sempre levantando discussões sobre o tema. Em seu ponto de vista, como é possível mudar essa realidade e fazer com que mais mulheres ocupem cargos eletivos? 

WB – Mauá, por exemplo, tem 23 vereadores, homens e nenhuma mulher. Para discutir políticas públicas para mulheres, é necessário que as mulheres façam parte do debate. Veja, por exemplo, a lei da dignidade menstrual, que distribui absorventes nas escolas. Por quê demorou tanto para entenderem essa necessidade feminina? Somos 52% da população brasileira, metade dos eleitores. Mas somos somente 16% dos ocupantes dos cargos eletivos. A mulher precisa de fato estar na política, tem que ter esse equilíbrio. As nossas mães, as nossas avós já se ajudavam, se uniam. A dona de casa, com tão pouco, é capaz de administrar tantas coisas em sua casa, no orçamento familiar, na educação dos filhos, é a maior empreendedora de todas. A mulher sábia que edifica o lar. O homem tem a força, a inteligência também, mas ele olha para a mãe dele, por exemplo, que criou a família com sacrifício e admira essa mãe que cuidou e deu segurança. Então, eu tenho um grande sonho de ver, pelo menos, 1 ou 2 vereadoras em cada cidade, ter mais representatividade feminina. Mas isso só vai ser possível se as pessoas começarem a votar em candidatas mulheres, pois somente mulheres podem debater e promover essas políticas públicas que defendam os interesses e necessidades das mulheres e das famílias. 

JOP - Já há alguns anos que Mauá não possui representantes no legislativo, seja na esfera estadual, seja na esfera federal. Em sua opinião, a que se deve o insucesso das candidaturas mauaenses nos últimos pleitos? 

WB – Eu fico muito triste que nossa cidade com quase meio milhão de habitantes não tem nenhum representante no legislativo federal e estadual. Porém, na eleição de 2018, Mauá tinha 306.653 eleitores e apenas 245.950 compareceram às urnas, ou seja, cerca de 20% do eleitorado não votou. Isso sem contar as altas taxas de votos nulos ou em branco. Na minha opinião, isso reflete uma vontade de renovação por parte da população. Eles não querem mais ser representados pelos políticos de sempre, pela politicagem de sempre. Eles querem alguém que combata a corrupção, que vimos tantos escândalos acontecerem na nossa cidade. Eu entendo que os eleitores de Mauá não estão se sentindo representados pelos candidatos da cidade. 

JOP - De que forma é possível mudar esse cenário para que Mauá passe a ter representatividade em Brasília? 

WB - É preciso que o cidadão de bem, em primeiro lugar, vote. Nas minhas caminhadas pelos bairros de Mauá eu tenho ouvido muita gente dizer que quer votar em branco ou nulo. Por isso eu faço esse trabalho de conscientização. Hoje, as pessoas ficam debatendo muito em quem vão votar pra presidente, mas esquecem que os 513 deputados lá no Congresso Nacional é que vão fazer as leis que vão, de fato, interferir na vida deles nos próximos anos. Uma coisa que me chamou muito a atenção, é que desses 513 deputados federais, quase 500 são candidatos à reeleição, mas que não fizeram nada por Mauá. Então, o mauaense que quer renovação, precisa votar em quem, de fato, vai se comprometer com a nossa cidade.